Eugénio Rosa, economista, começou por dizer que “tudo o que vem para ajudar os que sofrem é positivo, mas analisando medida por medida verifica-se que o impacto não é tão profundo quanto o desejado”.
Falando sobre o IVA zero nos 44 alimentos que o cabaz “saudável” contempla, e que custa 150 euros, Eugénio Rosa frisa que “representa uma economia de nove euros”. Acrescenta que, “por sua vez, o cabaz de referência da Deco Proteste, com 66 alimentos, custa 226 euros e representaria, caso fosse adotado, 13 euros a menos no pagamento final”.
Sobre o IVA zero alertou para o facto desta ser “uma medida temporária pois dentro de seis meses regressam os valores anteriores, ou seja, os 6 por cento”.
Analisando o um por cento de atualização nos vencimentos da função pública, o economista frisa que se “está a falar de mais 15 euros no final do mês, que se juntam ao acréscimo de 80 cêntimos no subsídio de refeição, fazendo um total de 17 euros mensais. Isto quer dizer que este aumento fica abaixo da taxa de inflação que está entre os 5,5 por cento e os 5,9 por cento”.
Olhando para os apoios sociais, Eugénio Rosa sublinha que “há aumentos positivos no Rendimento Social de Inserção (RSI), mais 25 euros, assim como nos abonos de família entre os 30 e os 50 euros, uma melhoria que não altera, contudo, as condições de vida já difíceis das pessoas de baixos recursos”. Reiterou “melhorias positivas mas insuficientes”.
O economista quis, igualmente, deixar claro que “a inflação não reduz com o aumento das taxas de juro, isso é uma ilusão”. Neste contexto esclareceu que “é preciso perceber que o aumento dos preços resulta do que se importa, ou seja, o acréscimo que se tem verificado é justificado pelo facto de se ter deixado de ter acesso a um conjunto de exportadores que vendiam determinados bens que necessitamos e que agora são adquiridos a preços mais elevados”. Referiu, também, que “para além de se pagar mais é preciso juntar, ainda, o aumento do preço dos transportes. No fim de contas toda esta situação de encarecimento vai continuar, com a inflação elevada a persistir”.
Eugénio Rosa salienta que “a pensar no futuro se as atitudes tomadas até agora não pararem, não forem interrompidas, não se sabe aonde se vai chegar, numa Europa que usa a economia como instrumento de guerra”. Frisou mesmo que “guerra económica é com escalada de preços a prosseguir”.
A Voz da Planície perguntou ao economista Eugénio Rosa o que, na sua opinião, deveria estar a ser feito? Respondeu que não se lembra “noutras guerras de ser utilizada a economia como arma”.
O economista disse mesmo que “no caso da guerra da Ucrânia devia-se ter feito, tal como se fez noutras, esta separação e nesta situação não houve essa lucidez”.
“As sanções não estão a dar os resultados pretendidos” e Eugénio Rosa perspetiva um “2024 ainda pior, em termos económicos, que 2023”.
Para o economista Eugénio Rosa “este não é o caminho a seguir” e conclui dizendo que “quanto mais recursos financeiros forem para a guerra menos dinheiro disponível existe para o que importa, a saúde, a educação, a habitação e outros setores que continuam a carecer de investimento público”.
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