“Não há balas de prata nestas questões da água. Vamos ter de desenvolver vários eixos de atuação. A dessalinização é um, a reutilização da água é outro, novas captações e, sobretudo, muito maior eficiência”, disse à Lusa o consultor da Agência Portuguesa do Ambiente.
Doutorado em Planeamento e Gestão de Recursos Hídricos pela Universidade de Cornell (EUA), Proença de Oliveira falou sobre o tema no colóquio sobre “Alterações Climáticas, Seca e Recursos Hídricos”, promovido pela Associação dos Ex-Deputados da Assembleia d República (AEDAR).
Defendeu a “análise da componente económica” para chegar a conclusões sobre “a relação custo-benefício” das intervenções propostas e, nesse sentido, revelou-se cético em relação aos transvases de água do Norte para o Sul do país.
“Tem custos bastante acentuados, custos ambientais, custos sociais e, sobretudo, não é evidente que seja sustentável num clima futuro. Ou seja, o Norte do país também vai enfrentar menores afluências de água. É preciso assegurar que não estamos também a criar um problema para o Norte no futuro”, sustentou o professor do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Por isso, é preciso avaliar “se os custos dessas obras são justificáveis perante o benefício que proporcionam” e admitiu que a dessalinização pode ser uma alternativa mais viável.
“O custo da dessalinização é elevado, tem vindo a descer, mas nós todos vamos ter de nos habituar a pagar mais pela água. Portanto, a certa altura, o argumento do custo não é assim tão significativo na análise que temos de fazer”, comentou.
No que diz respeito à eficiência, lembrou que “há muito trabalho a fazer na redução das perdas físicas das redes de abastecimento para consumo humano e agrícola”, onde viu “uma oportunidade”, assim como “usar melhor as águas superficiais e subterrâneas”.
Por isso, apontou como exemplo o Algarve, onde se está a tentar mitigar os efeitos da seca ao “combater as perdas de água e reutilizar na rega dos campos de golfe”, assim como a dessalinização que “já estará em concurso público”, ou “uma nova captação de água no Guadiana”.
“Só aí o Algarve é um bom exemplo de como o problema da água está a ser resolvido com três ou quatro eixos de atuação e é assim que vai acontecer em todos o país. Temos de intervir em várias áreas”, defendeu Rodrigo Proença de Oliveira.
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