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Educação

Elevador social das escolas do Sul do País funciona pior que no Norte e Centro

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Elevador social das escolas do Sul do País funciona pior que no Norte e Centro

Os alunos mais carenciados que vivem no Norte e Centro do País têm melhores resultados académicos do que os estudantes com o mesmo estatuto socioeconómico de escolas do Sul, revela um estudo da Edulog.

O elevador social que é esperado das escolas funciona melhor nuns municípios do que noutros, segundo o estudo “Da Desigualdade Social à Desigualdade Escolar nos Municípios de Portugal”, que mostra que em algumas regiões o contexto socioeconómico das famílias continua a influenciar demasiado o sucesso académico dos alunos.

Os investigadores da Nova School of Business and Economics apontam as regiões do Norte e Centro do País como as zonas onde os alunos mais pobres conseguem melhores desempenhos, por oposição aos municípios a sul do Tejo e da Área Metropolitana de Lisboa.

Para exemplificar esta realidade, o estudo aponta as diferenças registadas no exame de Matemática do 9.º ano: Em Forno de Algodres, no distrito de Guarda, a maioria dos alunos mais carenciados (65 por cento) teve positiva na prova, enquanto em Fronteira, distrito de Portalegre, a taxa de sucesso foi de apenas 8 por cento, contou à Lusa Luís Catela Nunes, coordenador do estudo.

Luís Catela Nunes deu também o exemplo de Barrancos, onde apenas 15 por cento dos alunos de meios socioeconómicos mais desfavorecidos teve positiva.

No mesmo sentido, também há grandes diferenças entre municípios no que toca a alunos que conseguem fazer o seu percurso escolar sem chumbar.

A percentagem de estudantes com estatuto socioeconómico baixo que atinge o 9.º ano sem retenções varia entre os 22 por cento (caso de Mourão) e os 71 por cento (Ponte de Lima e Sátão).

Luís Catela Nunes deu ainda o exemplo de Marco de Canavezes, onde 70 por cento terminaram o 3.º ciclo sem chumbar, por oposição a três municípios da Área Metropolitana de Lisboa - Amadora, Lisboa, Almada - com uma taxa de sucesso de 29 por cento ou Setúbal (28 por cento).

Também no secundário, alguns destes distritos voltam a aparecer quando se procuram percursos sem chumbos: Entre os melhores estão Monção (88 por cento), Sernancelhe (87por cento) e Ponte de Lima (86 por cento) e entre os piores surgem Setúbal (43 por cento), Lisboa (42 por cento) e Campo Maior (42 por cento).

Os investigadores compararam também o sucesso académico dos alunos com estatuto socioeconómico mais alto e mais baixo de uma mesma região e encontraram “disparidades substanciais”, havendo municípios onde o elevador social parece estar a funcionar e outros onde a diferença é gritante.

O Peso da Régua destaca-se pela positiva, já que a diferença entre alunos que conseguem atingir o 12.º ano é de apenas dois pontos percentuais: O sucesso entre os estudantes com estatuto socioeconómico mais elevado é de 73 por cento e entre os mais pobres é de 71 por cento.

Já Mourão volta a aparecer como o caso onde existe maior disparidade, uma vez que entre os alunos mais privilegiados a taxa de sucesso é quase total (92 por cento) e entre os mais pobres não chega a metade (47 por cento).

O estudo revela precisamente que é na região do Alentejo que estas disparidades são mais visíveis.

Sobre os motivos que explicam estas disparidades, o estudo aponta a desigualdade de rendimentos, a segregação dos alunos entre escolas, a estabilidade das estruturas familiares, o capital social local e as condições de emprego e salariais em cada região.

As regiões com um setor secundário mais ativo e onde há mais facilidade em encontrar um emprego são zonas onde os alunos mais carenciados conseguem ter um melhor desempenho, acrescentam ainda os investigadores.

Por outro lado, as regiões com maior densidade populacional são aquelas onde os mais pobres parecem ter maiores dificuldades em igualar os colegas.

Esta realidade poderá estar relacionada com o facto de ali existirem maiores níveis de rendimento e de qualificações, mas também “maiores desigualdades de rendimentos”, ou seja, as áreas geográficas com maiores desigualdades de rendimentos tendem a ter menor mobilidade social.

Luís Catela Nunes espera que os resultados do estudo, baseado no desempenho escolar dos alunos de escolas públicas e privadas entre 2007/2008 e 2017/2018, possam agora servir para avançar com “políticas e medidas que possam promover a equidade da Educação em cada região”.



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