A data foi criada pela Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) e comemora-se tradicionalmente na terceira sexta-feira de outubro.
No âmbito deste dia, a enfermeira Catarina Pazes lembra que “o controlo da dor é uma responsabilidade dos profissionais de saúde”, mas também da "própria sociedade". A literacia nesta área e ter mais conhecimento sobre os assuntos “é uma obrigação nossa enquanto cidadãos”, sublinha.
Depende não só dos profissionais valorizarem a dor nos utentes, como também dos cidadãos, que devem procurar e identificar uma situação de dor crónica. A dor passa a ser um problema quando é crónica, ou seja, "acompanha a vida da pessoa". Se altera o seu dia-a-dia e a capacidade de fazer atividades importantes, bem como a disposição para estar com outros, então é "uma doença crónica que se chama dor", refere.
Catarina Pazes fala sobre o facto, das pessoas dizerem que não se querem “enxarcar” de comprimidos por sofrer de uma dor crónica e, por vezes, acabam por considerar que mais vale aceitar e viver com dor.
Acontece que quando a dor se torna crónica transforma-se numa doença, pois segundo a profissional de saúde, atinge de tal forma a vida da pessoa que pode provocar depressão, problemas de desenvolvimento cognitivo mais cedo do que seria normal, problemas sociais graves, em que a pessoa deixa de estar disponível para estar com outras, e a qualidade de vida baixa significativamente.
Há também quem considere que a vida deixa de valer a pena. “Prefiro morrer do que viver com esta dor” é um pensamento que pode surgir e é preciso "dar muito mais atenção a estas questões", frisa Catarina Pazes.
A dor passa a não ser só física e atinge a pessoa num todo, seja a nível social, emocional e psicológico e precisa de ter uma abordagem muito mais adequada do que apenas comprimidos. Por outro lado “não podemos tratá-la [a dor] sem medicação adequada”.
Esta é uma lacuna que a enfermeira identifica nos serviços de saúde. Refere que os profissionais aprendem “mal” a tratar a dor e este é um problema a nível da formação.
“Viver sem dor é um direito”, conclui a enfermeira, frisando que é necessário que “todos trabalhemos para que esse direito seja efetivo”.
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