André Peralta-Santos, nomeado em regime de substituição como sub-diretor-geral de Saúde, reconheceu que as indicações da Direção-Geral da Saúde a este nível “não mudam muito de ano para ano” e que “os parceiros estão conscientes das suas responsabilidades”.
“Vamos sempre tentando que exista uma melhoria dos procedimentos, da forma como comunicamos, como protegemos a população”, disse o responsável, lembrando que “algumas medidas de proteção da população são estruturais, e levam tempo”, como a melhoria das condições de climatização dos edifícios.
O plano elenca ainda um conjunto de medidas a concretizar pelos parceiros do setor da saúde para acautelar a prontidão dos serviços de saúde e garantir a resposta ao aumento da procura ou a uma procura diferente da esperada, bem como, recomendações para capacitar os cidadãos para a sua proteção individual (literacia).
“A DGS tem sempre bem ciente da importância de reforçar a importância a os cuidados a ter com o calor e este evento marca isso mesmo”, afirmou o responsável, referindo-se à apresentação do documento, hoje, no Centro Cultural de Montargil, concelho de Ponte de Sor, distrito de Portalegre.
Sublinhando que “as populações não são iguais”, André Peralta-Santos lembrou que, tradicionalmente, a população mais idosa e as pessoas que têm mais doenças, “são mais vulneráveis ao efeito do calor na saúde”.
“Os serviços de saúde têm de se preparar para estes efeitos, nomeadamente quando há eventos extremos como ondas de calor, pois pode haver sempre um acréscimo da procura dos cuidados de saúde”, afirmou o responsável, insistindo: “As unidades já estão bem cientes daquilo que têm de fazer para se preparar”.
O plano que a DGS apresenta hoje reforça a necessidade de todos os serviços e estabelecimentos do SNS terem planos de contingência específicos - a nível local e regional – para a resposta sazonal em saúde e tem como um dos eixos estratégicos a literacia da população.
"Temos preparado já algumas campanhas de reforço para a população, nomeadamente o reforço da hidratação, os cuidados a ter com o sol e os cuidados a ter na praia. No fundo, aquilo que queremos é que as pessoas desfrutem do seu verão e que seja um verão saudável e promotor da saúde", disse o subdiretor-geral da Saúde.
O documento lembra que Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis às alterações climáticas e aos fenómenos climáticos extremos, tendo em conta a sua localização geográfica, e que há dados que sugerem que existe “uma tendência para o aumento da temperatura média global em Portugal, assim como para o aumento do número de dias anuais com temperaturas elevadas”.
Segundo um estudo publicado na revista científica Nature Medicine, as ondas de calor na Europa no verão do ano passado terão provocado mais de 60.000 mortes. Em Portugal, os investigadores estimam que terão morrido 2.212 pessoas.
O relatório de Monitorização da Mortalidade de 2022, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e divulgado em março, aponta para mais de seis mil e100 óbitos em excesso em Portugal no ano passado, com o registo de quatro picos de excesso de mortalidade, coincidentes com duas ondas de covid-19 e períodos de temperaturas elevadas ou frio extremo.
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