"Por isso, com a chegada da água da barragem do Alqueva, a sua área, naturalmente, alargou-se bastante e, a pouco e pouco, foi ocupando as terras até então semeadas com cereais praganosos de outono/inverno, dando origem a uma paisagem complemente diferente.
O olival consome pouca água – praticamente metade da que foi calculada aquando da projeção do regadio do EFMA – poucos agroquímicos, alguns dos quais, como o cobre, utilizados em Modo de Produção Biológico e tem um papel relevante no combate à erosão dos solos.
Acresce que, em regadio, é explorado, na sua grande maioria, em Modo de Produção Integrada, com enrelvamento das entrelinhas, gerando biodiversidade e sustentabilidade ambiental. Funciona também como um sumidouro de dióxido de carbono: uma oliveira, para produzir a azeitona necessária à transformação de 1 litro de azeite, capta da atmosfera 11,5kg de carbono e emite apenas 1,5 kg de CO2. Apresenta uma rentabilidade acima da maior parte das culturas de regadio que se praticam na nossa região, o que também tem contribuído para a sua expansão.
Além do mais, não fosse a área tão significativa de olival no perímetro de rega do Alqueva (EFMA) e não seria possível pensar-se em expansão do regadio em mais de 30.000 ha, ou em fornecer tanta água a outras barragens pré-existentes, confinantes e outras.
Não percebemos, portanto, certas notícias, comentários, etc, que, de quando em quando, vêm a público, sem sentido, e que revelam em nossa opinião, na maior parte dos casos, muita falta de informação. Mas, infelizmente, por vezes, estas vozes influenciam pessoas com responsabilidades e poder de decisão. Foi o que aconteceu na fase final do Governo da “Geringonça” em que o então Ministro Capoulas Santos “preocupado” com o aumento da área desta cultura na zona de influência do EFMA, pediu à EDIA que elaborasse um estudo sobre a sustentabilidade do olival dentro deste perímetro de rega e suspendeu, entretanto, as ajudas ao investimento (apenas na área do EFMA), até que tal estudo fosse concluído.
A EDIA fez o trabalho e apresentou-o numa reunião do CAR ALQUEVA (Conselho para o Acompanhamento do Regadio de Alqueva) já ao tempo da Ministra Maria do Céu Antunes. Nele se pode ler que a sua expansão não apresenta qualquer problema, antes pelo contrário. Apenas apresenta algumas recomendações que são do senso comum e que não são exclusivas do olival. Falamos de proteção das linhas de água, da proximidade às populações ou preservação do património arqueológico.
Embora o assunto tivesse sido apresentado e discutido com a Ministra, logo na sua primeira visita à Ovibeja, o que é um facto é que até hoje, o olival dentro do EFMA continua a não ser investimento elegível no PDR2020/PEPAC.
Deixou-se de plantar olival? Não. Os grandes grupos económicos continuam a faze-lo, mesmo sem as ajudas comunitárias.
Esperemos que, agora, com o novo Ministro, ao qual já apresentámos este problema, este assunto seja finalmente resolvido."
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