Em Portugal, diz a Deco, o cabaz de alimentos essenciais já custa às famílias cerca de 225 euros, o valor mais alto registado desde o início do ano passado. Em janeiro de 2022 custava 188 euros.

No País vizinho, há taxa zero no IVA, há já algum tempo, em muitos alimentos e os combustíveis e gás são mais baratos. Esta realidade está a levar muitos portugueses a optar por fazer estas compras em Espanha, especialmente os que vivem perto da fronteira.

A Voz da Planície apresenta dois testemunhos que assumem esta opção, assim como ter poupanças significativas, mensais, na economia familiar. Uma das pessoas vive a seis quilómetros de Espanha e a outra reside em Rosal de La Fronteira, no País vizinho, mas trabalha em Serpa.

No primeiro testemunho - o da pessoa que vive em Vila Verde de Ficalho e que aceitou falar com a Voz da Planície, mas preferindo não ser identificada -, foi dito que “as compras grandes”, feitas uma vez por mês, “são em Espanha”, significando isto “aquisições de bens alimentares, combustíveis e gás”.

“Rosal de La Frontera e Cortegana”, onde há uma superfície comercial, são os “locais onde se fazem as compras”, explicou. Esclareceu, igualmente, que “vivendo a seis quilómetros de Espanha compensa e muito esta opção, até a de Cortegana, que mesmo a uma distância de 40 quilómetros permite poupar, bastante, nos combustíveis”. Acrescentou que “até se fizeram, embora no presente não esteja a acontecer, promoções no combustível para os portugueses”.

Revelou, ainda, o testemunho de quem reside em Vila Verde de Ficalho, que “em Espanha, por exemplo, uma botija de gás não chega aos 20 euros” e que esta opção, a de fazer compras no País vizinho, “representa uma poupança, mensal, de 60 a 70 euros”.

A mesma decisão assume António Monteiro, embora a situação familiar seja um pouco diferente. A residência é em Espanha, no Rosal de La Frontera, pois é casado com uma espanhola e tem um filho, mas precisa de se deslocar diariamente para o seu local de trabalho em Serpa.

Neste caso, “a poupança mais significativa é verificada nos combustíveis pois para fazer viagens diárias abastecer seria um problema acrescido para a economia da família”. Logo, deixa claro, “colocar gasóleo ou gasolina em Portugal está fora de hipótese, comparando com os preços bem mais baixos praticados em Espanha”.

Quanto ao restante, bens alimentares - e aqui, garante, há alimentos que não prescinde de comprar em Portugal, entre eles o azeite -, “a escolha é clara, é Espanha, incluindo o gás".

António Monteiro assegura que “esta opção representa, mensalmente, no orçamento familiar, uma poupança de 250 euros”.

Em Portugal, o peixe é a categoria de alimentos cuja subida foi mais acentuada e os laticínios também estão cada vez mais caros, mas a inflação faz-se sentir, igualmente, nas restantes categorias de alimentos.

No nosso País, uma botija de gás anda à volta dos 36 euros e os combustíveis são um “quebra cabeças”, pois os preços oscilam, de semana para semana, e apresentam valores diferentes até de distrito para distrito.

Portugal desceu nalguns alimentos o IVA para seis por cento, uma medida em vigor já este mês e prevista no Orçamento do Estado para 2023. Mas as famílias reclamam o controlo dos custos dos bens alimentares, para combater a subida dos preços dos alimentos, superior a 20 por cento, um valor bem acima da inflação geral, que está nos 9,6 por cento.

Enquanto em Portugal decisões com mais impactos no bolso das famílias não são tomadas, os que estão perto do país vizinho fazem outras contas à vida, poupando “sempre que vão às compras a Espanha”.