O fecho do estabelecimento comercial onde funcionavam os CTT determinou o fim do serviço em Santa Vitória, uma localidade em que mais de 70% da população é idosa e que fica agora sem acesso à possibilidade de levantar a reforma perto da residência, obrigando, praticamente, 30 pessoas, a deslocarem-se a Mombeja, que fica mesmo assim a seis quilómetros, ou Beja para terem acesso a esta e outras respostas prestadas no ponto que deixou de funcionar.

O executivo da União das Freguesias de Santa Vitória e Mombeja garante que fez "diversos contactos, sem sucesso, no sentido de transferir o Ponto CTT para outro ponto comercial ou para o edifício da Junta de Freguesia". Mariana Barbio, secretária da Junta, conta que "a justificação avançada pelos CTT para não se transferir este serviço para outro ponto comercial foi a quantidade residual de pessoas que recorria ao mesmo, bem como a proximidade da resposta existente em Mombeja". E "para ser instalado na Junta", esclareceu, "teria de ser a União de Freguesias a assegurar com o seu pessoal esta resposta, passando custos e recursos humanos para a responsabilidade da autarquia". Situação, frisou, "impossível de suportar pois esta União de Freguesias luta com faltas para prestar os serviços atuais. Acrescentar tarefas aos poucos funcionários existentes não pode".

"Apesar de todos os constrangimentos que a solução encontrada implica para o normal funcionamento dos serviços que a União de Freguesias já presta aos seus fregueses, a decisão foi assegurar o transporte dos idosos de Santa Vitória e Mina da Juliana até Mombeja e/ou Beja para conseguirem levantar as suas reformas e terem acesso aos outros serviços que ficaram, igualmente, a faltar", sublinha Mariana Barbio.

A secretária da União das Freguesias de Santa Vitória e Mombeja demonstra-se desagradada com "estas decisões baseadas em números que contribuem, ainda mais, para o abandono e isolamento dos territórios do Interior do País".

Recordando a existência de um protocolo assinado pelos CTT - Correios de Portugal e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) no âmbito da prestação de serviços postais em juntas de Freguesia com postos de correio, revisto em 2020, Mariana Barbio realça que o estabelecido no documento não foi tido em conta em Santa Vitória.

O protocolo firmado fala "em melhoria muito significativa das condições financeiras para as juntas de Freguesia, a maior e melhor oferta de serviços para as populações e o reforço de competências técnicas para os colaboradores das juntas" situação, deixa claro Mariana Barbio, que "não se verificou, dado que a título gratuito para os CTT sim, o serviço podia ser transferido para a Junta, com a ajuda financeira prevista não".

A Voz da Planície falou com o Coordenador Distrital da ANAFRE e Vítor Besugo explicou que o "protocolo prevê o pagamento mensal, a tempo inteiro, de cerca de 800 euros mensais, bem como 400 euros, no mesmo regime, para meio tempo. Tendo em atenção tratar-se de uma união de freguesias", Vítor Besugo não sabe "se a regra se aplica pois há um outro ponto na União de Freguesias em Mombeja". Avançou que vai colocar "esta questão na próxima quinta-feira, dia 12, na reunião do Conselho Diretivo da Delegação de Beja da ANAFRE onde vai participar o vice-presidente da associação nacional".