No seu relatório anual, a CCERI explica que a pandemia de covid-19 obrigou a uma maior digitalização dos serviços, incluindo na educação, no setor da saúde e na entrega de autorizações de residência ou de trabalho, mas isso resultou em mais dificuldades para alguns grupos mais vulneráveis, que não tinham computador ou acesso a Internet.
De acordo com a análise da comissão, os imigrantes, que trabalham sobretudo no setor de serviços – como o turismo, o entretenimento e a alimentação, assim como a economia informal -, não conseguiram aderir tanto ao trabalho remoto e ao teletrabalho como outros grupos e ficaram mais expostos ao vírus.
Além disso, estas áreas de trabalho foram as mais afetadas pelos recolher obrigatório e confinamentos impostos pelos governos para impedir o alastramento da pandemia e, consequentemente, pela desaceleração económica que daí resultou, considera o órgão antidiscriminação do Conselho da Europa.
Também as crianças imigrantes e ciganas, que enfrentam sempre mais dificuldades nas escolas, viram a sua situação piorar devido à pandemia, refere o relatório.
“A aprendizagem online tornou-se, muitas vezes, um desafio complicado devido à falta de espaços apropriados, equipamentos e ligações à internet adequados”, afirma a comissão do Conselho da Europa.
A pandemia também reforçou um outro problema: o racismo nas forças policiais, nomeadamente no contexto de aplicação de restrições de movimento, como os recolheres obrigatórios e os confinamentos, diz a CCERI.
O relatório da comissão refere, em particular, o uso de linguagem racista e de força excessiva para obrigar a cumprir as restrições “que não visaram apenas vítimas individuais, mas comunidades estigmatizadas como um todo”.
A crise da covid-19 também aumentou as dificuldades das pessoas LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo) em toda a Europa, garante a CCERI.
“Jovens LGBTI que ainda residiam com os seus pais foram frequentemente expostos a desrespeito e intimidação” e “o aconselhamento psicossocial em pessoa oferecido por organizações não-governamentais tornou-se restrito”, adianta a comissão contra racismo e intolerância na Europa.
Os perigos dos discursos de ódio, assim como as declarações políticas ultranacionalistas “nunca devem ser subestimadas”, defendeu a presidente da CCERI, Maria Daniella Marouda, na apresentação do relatório de 2021.
“Todas as pessoas que fogem da guerra e outras emergências, independentemente da sua origem nacional ou étnica, cidadania, cor da pele, religião, idioma, orientação sexual ou identidade de género, devem receber proteção adequada de imediato”, defendeu.
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