No discurso de estreia na Festa do Avante!, Paulo Raimundo afirmou que “a política do Governo do PS, apoiado no essencial por PSD, CDS, Chega e IL, submissos que estão todos ao euro, às imposições da União Europeia e ao cutelo das contas certas, não serve e agrava os problemas do País”.
O secretário-geral do PCP considerou que esta política "acerta as contas com os grupos económicos, com os inaceitáveis privilégios fiscais e com o desvio de milhões de euros de fundos comunitários, acerta as contas com o saque de recursos públicos nas parcerias público-privadas, nas criminosas privatizações e a corrupção que lhes está associada". “As contas certas deles desacertam, e de que maneira, as nossas vidas e o rumo do País”, defendeu.
O líder comunista destacou “os efeitos de uma política que, no essencial, está ao serviço dos interesses e objetivos dos grupos económicos, opção para a qual converge a ação do Governo PS, a sua maioria absoluta e a intervenção de PSD, CDS, Chega e IL”, ao que a multidão respondeu com apupos.
"Uma política apoiada em meios e instrumentos colossais, desenvolvida pelos protagonistas que, em cada momento, lhe dão a garantia de agravar a exploração, concentrar a riqueza, atacar serviços públicos, promover as privatizações e a especulação, com toda a injustiça e desigualdade que daí decorre. Uma política para a qual haverá sempre justificação, desde que os sacrifícios sobrem sempre para os mesmos e os lucros para um pequeno punhado", criticou.
“É chocante a contradição entre a realidade da vida dura dos trabalhadores e do povo e os lucros dos grupos económicos”, disse Raimundo, sustentando que "enquanto uns se apropriam da riqueza, a grande maioria nem lhe sente o cheiro".
O líder do PCP considerou que a economia que "vendem [como estando] sempre a crescer, esbarra todos os dias na dramática realidade dos que se confrontam com rendas e prestações incomportáveis e que, cada vez com mais dificuldade, tudo fazem e de tudo se privam para aguentar a sua habitação".
O secretário-geral comunista exigiu também o “aumento geral e significativo de todos os salários", defendendo que só assim se garante "o salto qualitativo que o país precisa". E adiantou que o partido não vai "abdicar desta luta" porque "quem cria a riqueza, quem garante o funcionamento do país, quem assegura a atividade económica, tem de ser respeitado e valorizado, tem de ter um salário que lhe permita viver com dignidade".
"Um aumento geral e significativo para todos os trabalhadores, a valorização das carreiras e profissões e um salário mínimo que responda à atual situação. Um aumento que, a partir da realidade da vida dos trabalhadores, das suas necessidades e de uma justa distribuição da riqueza criada, responda à desvalorização das últimas décadas e aos elevados níveis de inflação que se preveem entre 2022 e 2024, que valorize o poder de compra e que faça convergir os salários com a média dos países da zona euro", defendeu.
Também no que toca às pensões, Paulo Raimundo pediu um aumento de "todas as pensões em 7,5%, com um mínimo de 70 euros".
O dirigente apontou que, com a "luta dos trabalhadores", o Governo "foi obrigado a tomar medidas limitadas e apoios pontuais" que, apesar de insuficientes, "destrancaram uma porta que é preciso escancarar, exigindo as respostas necessárias", e apelou à "intensificação da luta", nomeadamente na rua.
O líder do PCP afirmou também que o partido "não desiste da juventude" e vai defender no parlamento "um plano de implementação da primeira rede pública e nacional de creches gratuitas", um "passo necessário para a criação, até ao final da legislatura, de mais 100 mil novas vagas".
Paulo Raimundo, que sucedeu em novembro a Jerónimo de Sousa no cargo de secretário-geral do PCP, fez o seu primeiro discurso na Festa do Avante!, o ponto alto da ‘rentrée’ comunista, que termina hoje na Quinta da Atalaia, no Seixal (distrito de Setúbal).
Quando o novo líder começou a falar, uma chuva intensa começou a cair no recinto repleto de militantes e apoiantes, mas não desmobilizou quem ouvia o discurso de Paulo Raimundo.
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