Em nota de imprensa a que a Voz da Planície teve acesso, o Murpi começa por referir que a decisão do Governo de pagar aos reformados, no próximo mês de outubro, mais 50% do valor da sua pensão e de “não cumprir a lei de atualização das pensões” no início de 2023 “com aumento médio de 7,5%” trata-se de uma forma de “reduzir o valor das pensões em cerca de 3%, enquanto a inflação galopa”.
Os reformados lembram que as pensões têm vindo ao longo dos anos a perder poder de compra, “de 2010 a 2015 estiveram congeladas e nos anos seguintes nem todas as pensões sofreram aumentos e nenhuma recuperou o poder de compra”.
No documento é referido que “o pagamento em outubro de mais 50% do valor das pensões não é um apoio extraordinário aos pensionistas, mas sim a antecipação de uma atualização do seu valor em 3% que nunca irá acontecer no futuro, havendo uma redução de igual valor de todas as pensões a partir de janeiro de 2023”.
A presidente da Murpi, Isabel Gomes, defendeu que os pensionistas vão “continuar a perder muito dinheiro” e explicou que a fórmula que deveria ser aplicada no final de cada ano pelo Instituto de Segurança Social (ISS), “e que não se aplica há algum tempo”, daria uma atualização do valor das pensões de cerca de 7%, um valor muito acima dos anunciados na segunda-feira pelo primeiro-ministro e que oscilam entre 3,53% e 4,43%, dependendo do valor das pensões.
Opinião idêntica tem a presidente da associação Apre! - Aposentados, Pensionistas e Reformados, Maria do Rosário Gama, para quem é inaceitável que o aumento previsto para as pensões a partir de janeiro fique abaixo do valor da inflação.
“A partir de janeiro deve ser aplicada a lei e aplicar a lei significaria um aumento de 7% a 8%, conforme estiver a inflação. Se eventualmente este aumento de outubro for um adiantamento, então a partir de janeiro o aumento de 4% fica muito abaixo do aumento da inflação”, defendeu a responsável.
“Quer dizer que a partir daí há sempre o corte, todos os anos de meia pensão e, portanto, não podemos aceitar uma situação dessas”, acrescentou.
Os reformados mantêm a exigência do aumento extraordinário de todas as pensões e a reposição do poder de compra e recordam que “a erradicação da pobreza entre os idosos e o cumprimento do desígnio da Constituição da República Portuguesa de garantir o seu direito à segurança económica e outros direitos impõe a valorização das pensões”.
A Confederação de Reformados destaca ainda que o SNS ficou “esquecido neste pacote de engano” e exigem investimento nos cuidados de saúde primários, garantindo médico e enfermeiro de família a todos os reformados e o acesso sem constrangimentos às consultas e tratamento das especialidades, em particular na área de saúde mental e consultas de saúde pública.
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