“De futuro temos de investir numa abordagem mais preventiva. Hoje conhecemos as causas, portanto, temos de começar a tomar medidas para combater essas causas, ou seja, não estarmos sempre à espera para resolver o problema, temos de tentar antecipar o problema”, defendeu Henrique Joaquim, coordenador da Estratégia Nacional para Sem-Abrigo em Portugal 2017-2023.
“Recebemos muitas sinalizações de cidadãos comuns, o que significa que estamos muito mais despertos hoje e todos muito mais conscientes para fazer alguma coisa para que não haja mais pessoas nesta condição”, disse.
Questionado sobre a avaliação que faz da estratégia nacional que termina este ano, Henrique Joaquim considerou ser um “marco” Portugal estar entre os 10 ou 12 países da União Europeia com uma estratégia nacional para os sem-abrigo.
“O facto de Portugal ter uma estratégia – em 27 estados-membros nós somos dos 10 ou 12 países que têm uma estratégia nacional, portanto não é um instrumento ainda disseminado em toda a Europa, e temo-lo desde 2017. Acho que isso foi um marco e isso tem-nos permitido pôr o tema na agenda. Hoje é muito mais frequente falarmos, discutirmos, criticarmos se há ou não há medidas, porque efetivamente tentámos ter ações concretas com as pessoas”.
Segundo Henrique Joaquim, nos últimos dois anos e em contexto de pandemia Portugal alterou “a lógica da intervenção”.
“Hoje estamos muito mais focados em tirar as pessoas da rua e colocarmos em casas o mais rápido possível e depois fazer a integração social. Quando há dois ou três anos não era essa a lógica de intervenção e isso permitiu-nos ter os números já consolidados até 2021. Desde 2018 tínhamos mais de mil pessoas tiradas dessa condição e socialmente integradas, portanto, eu estou em crer que seguindo esse caminho, obviamente com melhorias a ser implementadas, estaremos numa estratégia adequada para combater este problema”, explicou.
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