“Perante as injustiças na distribuição de valor, a CNA reclama a proibição, por via legislativa, do pagamento aos produtores abaixo dos seus custos de produção, bem como o aprofundamento do trabalho de fiscalização da cadeia agroalimentar, apurando custos e proveitos dos intervenientes, para se clarificar quem está de facto a ganhar”, refere a confederação em comunicado hoje divulgado.
A confederação agrícola afirmou que há uma retórica que pretende “desviar as atenções das elevadas diferenças que persistem entre os preços pagos aos agricultores e aqueles que os consumidores pagam pelos mesmos produtos nas grandes cadeias de distribuição”.
Segundo a CNA, à semelhança do que aconteceu aquando do lançamento da isenção do IVA num cabaz de vários produtos, também agora, com o fim da medida, paira “a ideia de responsabilizar os agricultores pelos aumentos dos preços no consumidor”.
Nesse sentido, a confederação rejeita que tal seja o caso e remete para dados do Observatório de Preços Agroalimentar, lançado pelo Governo, apontando que a diferença entre os preços no consumidor e os preços no produtor em alguns produtos hortícolas se aproxima dos 200% por meses consecutivos. As diferenças, de acordo com a CNA, não são refletidas para os produtores.
“Algo está mal quando os produtores não conseguem recuperar a quebra de rendimentos, situando-se abaixo de 2021, uma vez que os 8,7% de aumento estimados para 2023 não repõem os 11% perdidos em 2022”, sublinha, acrescentando que o cabaz alimentar “é fonte de alimento dos lucros milionários que, ano após ano, os grandes grupos de distribuição, que dominam o mercado agroalimentar, apresentaram”.
Nesse sentido, a CNA acusa o Governo de não ter resposta e de não ter medidas “para impedir a perversidade de se pagar a quem trabalha a terra abaixo daquilo que lhe custou produzir”.
Segundo a confederação, dos nove estudos de fileira previstos no âmbito do Observatório de Preços, apenas forma anunciados os resultados do estudo do leite – que “comprovam que se pagou aos agricultores abaixo dos seus custos de produção”.
A CNA reforçou que esta “deve ser uma situação prioritária a resolver pelo Governo que resultar das eleições legislativas” de 10 de março.
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