Em comunicado, os vereadores da Coligação Democrática Unitária (CDU), na autarquia bejense, consideram que, nestes cinco anos de gestão, há uma pergunta que permanece sem resposta: “que projeto e visão estratégica tem o Partido Socialista (PS) para Beja?”.
Para os vereadores da CDU, Beja perdeu “atratividade e capacidade de liderança para se afirmar como motor da região”, comparando com “concelhos vizinhos”. Acrescentam que “o PS não retirou dos resultados eleitorais, em que ficou sem maioria absoluta, qualquer ensinamento e os votos e mandatos atribuídos ao Partido Social Democrata (PSD) não têm contribuído para a implementação de medidas que invertam este cenário.”
“O PS tem esgotado a sua ação na execução de algumas obras, muitas delas com projetos e financiamento assegurado pela anterior gestão da CDU, que visam a reabilitação de equipamentos do concelho, que sendo importante, está longe de constituir só por si uma estratégia de desenvolvimento. É mais do que evidente que esta gestão de faz de conta exerce o poder pelo poder sem qualquer preocupação em resolver os problemas com que o território se confronta e sem tomar qualquer iniciativa para promover o desenvolvimento e o progresso”, é sublinhado no documento enviado à nossa redação.
Prosseguem os vereadores da CDU, referindo que no plano do desenvolvimento económico regista-se a “vertigem do anúncio de protocolos de cedência de terrenos para a instalação de novas empresas no concelho”, recusando a “mesma pompa à divulgação da reversão desses terrenos e ao abandono dos potenciais investidores, muitas vezes desiludidos com a total incapacidade do Município para, em tempo útil, responder e acompanhar as necessidades desses mesmos investimentos.”
No plano da ação política, é dito também, “verifica-se a total subserviência partidária por parte dos eleitos do PS no concelho aos ditames do Governo, de maioria socialista. Não se ouve uma palavra dos autarcas socialistas na reivindicação, junto do poder central, dos investimentos estruturantes para a região, como é o caso das acessibilidades rodoviárias, ferroviárias, do aproveitamento do aeroporto de Beja ou de melhores condições de acesso à saúde, da grave falta de médicos de família no concelho. Beja não conta para o Governo, e, sobre isto, há um silêncio ensurdecedor do executivo PS na Câmara de Beja.”
Realçam, ainda os eleitos da Coligação, “a forma como foram abordadas as questões relacionadas com os trabalhadores do Município e da EMAS, que ilustram a natureza e o tipo de política que a gestão do PS defende, e pratica, alinhando em políticas contrárias aos interesses e direitos dos trabalhadores. Sintomática também a ausência de preocupação com os problemas dos trabalhadores em geral, de que destacamos a conivência com um modelo agrícola que exaure recursos e que se afirma pela precariedade laboral e pela existência de condições indignas de alojamento.”
A área da cultura é igualmente analisada e neste contexto é realçado que “num passado recente, Beja foi capaz de criar uma dinâmica na área da cultura que a tornou referência a nível nacional. No presente, a total ausência de uma política cultural, demonstrada na candidatura apresentada pelo Município para financiamento da programação do Pax Julia – Teatro Municipal, classificada a nível nacional como uma das piores, é demonstrativo de uma total incapacidade do Executivo PS para a criação de uma política cultural que possa projetar Beja como a referência que já foi.”
Depois de cinco anos de gestão do PS na Câmara de Beja, os vereadores da CDU afirmam que o executivo municipal “não tem capacidade, nem quem o apoia, para reconhecer que este não é o caminho que pode levar o concelho a um outro estádio de desenvolvimento.”
É relevada ainda a “preocupação” com o facto, “dos eleitos do PS viverem numa bolha de felicidade que os impede de ver a realidade. Preocupante porque, perante a iminência de uma grave crise, o concelho não detém poder reivindicativo que defenda as populações, o seu setor empresarial e os trabalhadores. Ainda preocupante porque a capacidade de atrair fundos nacionais e comunitários se esgota em projetos, embora alguns deles com interesse, incapazes de só por si alavancar o desenvolvimento da cidade e do concelho.”
Os vereadores da CDU terminam o documento enviado à nossa redação, com a indicação de que vão continuar “a propor nos órgãos” onde têm representação, “alternativas, nomeadamente mais desenvolvimento, melhores acessibilidades, mais cultura, mais e melhor acesso à saúde”, deixando claro que “trabalhadores e populações podem contar com os eleitos da Coligação.”
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