"O clássico da literatura atribuído a Mariana Alcoforado (1640-1723), freira no convento da Conceição de Beja, inclui, nesta nova edição, um detalhado estudo histórico e uma nova tradução comentada, da autoria do historiador de Arte José António Falcão, museólogo e docente universitário. O estudo histórico acompanha o conjunto de teorias e factos recolhidos ao longo dos séculos, acrescentando ainda alguns novos dados não apenas sobre as pessoas históricas, mas também sobre o impacto cultural de uma obra que influenciou a Europa literária durante séculos e continua a prender, como desde o primeiro dia, a atenção dos leitores", lê-se no documento enviado à Voz da Planície.
O livro "Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado" é apresentado nesta quinta-feira, em Beja, no auditório Manuel Castro e Brito, no Parque de Feiras e Exposições, com a presença do historiador António Araújo, professor da Universidade Nova de Lisboa, assessor do Tribunal Constitucional e membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
"Mariana Alcoforado, a quem são atribuídas as célebres Cartas Portuguesas, nasceu em Beja, em 1640, no seio de uma conhecida família da cidade. Por decisão dos pais, foi destinada, muito jovem, à vida religiosa. Ingressou como educanda, ainda antes de completar 11 anos, no convento de Nossa Senhora da Conceição, a mais importante instituição religiosa de Beja, onde professou e tomou votos aos 16 anos.
Durante a sua longa vida conventual, exerceu, entre outros cargos de responsabilidade, os de porteira, escrivã e vigária. Faleceu em 28 de Julho de 1723. O nome de Madre D. Mariana Alcoforado, apenas lembrado nos papéis do arquivo conventual, ficaria sepultado, à imagem dos de tantas outras freiras daquela casa, se não fosse o caso de um erudito parisiense, Jean-François Boissonade, em 1810, ter revelado um dado sensacional: foi ela a autora das famosas Lettres Portugaises, cinco cartas de amor dirigidas por uma certa Mariana, religiosa num convento de Portugal, a Noël Bouton (1636-1715), mais tarde marquês de Chamilly, militar da força expedicionária francesa que combateu nas fileiras lusas durante a fase final da Guerra da Restauração, entre 1664 e 1667. Figura muito conhecida da corte de Luís XIV, foi um dos militares preferidos do Rei Sol e, após um longo e notável percurso castrense, ascendeu a marechal de França.
Desde a sua publicação, em 1669, sob a chancela do editor parisiense Claude Barbin, até hoje, esta obra retrata uma dramática paixão que faz parte do património literário universal. Constituem também um clássico da literatura francesa do tempo de Luís XIV, cuja escrita, plausivelmente inspirada pela história real – e pelas cartas do punho da própria Mariana Alcoforado –, é atribuída a um notável autor desse período, Gabriel Joseph de Lavergne, conde de Guilleragues (1628-1685)", segundo nota enviada à Voz da Planície pelos responsáveis da edição desta nova publicação com estudo histórico.
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