No balanço deste encontro, onde participou Luís Fazenda do Secretariado Nacional, o BE refere que, “apesar do território já não estar em seca extrema, não se pode desviar atenções do problema estrutural da gestão da água pois há barragens no Alentejo que continuam com níveis de armazenamento muito baixos, como é o caso da barragem do Monte da Rocha, que está a 11 por cento da sua capacidade”.

A nota de imprensa aponta, contudo, “a situação da barragem de Santa Clara como a mais preocupante, tendo em atenção o uso e abuso da água pela agricultura intensiva, em detrimento do abastecimento público e dos pequenos agricultores, chamados «precários», a quem tem sido cortado o acesso. Pior, o Ministério da Agricultura impôs um regulamento que abre a possibilidade de qualquer associado da Associação de Beneficiários do Mira (ABM) ultrapassar a sua quota de água, desde que pague – um benefício descarado aos grandes produtores representados pela Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos concelhos de Aljezur e Odemira (AHSA), pois os pequenos já nem conseguem pagar a água de que necessitam”, tal como refere à Voz da Planície Alberto Matos, da Coordenadora Distrital do BE.

Neste contexto, a Coordenadora Distrital de Beja do BE saúda, também, “a aprovação pela Assembleia da República da Resolução 3/2013, proposta pelo grupo parlamentar deste partido, que recomenda que “o investimento no projeto de «Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão», tenha como primeira prioridade o abastecimento doméstico, nomeadamente das populações envolventes: na freguesia do Espírito Santo, Mesquita, Sedas, Jambuzal, Vicentes, Alcaria do Javazes, Álamo, Bicada, Besteiros, Roncão, Boavista, Moinhos de Vento, Herdade de Colgadeiros, Herdade de Almunia Velha e ainda Lombardos, na freguesia de Mértola”.

No comunicado enviado à Voz da Planície, o BE sublinha que esta resolução passou "com os votos a favor do Partido Comunista Português (PCP), do Partido Socialista (PS), do Livre e do Pessoas-Natureza-Animais (PAN)". Refere, também, "as abstenções da Iniciativa Liberal (IL) e de dois deputados do PS, eleitos por Évora, Capoulas Santos e Norberto Patinho".

Destaca, igualmente, o BE os "votos contra do Partido Social Democrata (PSD), Chega e dois deputados do PS: Pedro do Carmo, eleito por Beja e presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas (CPAP), e João Nicolau, também membro da CPAP".

“Os votos contra do PSD e do Chega, bem como a abstenção da IL, não se estranham. Mas que o apego às monoculturas de abacates no Algarve leve três deputados alentejanos do PS a contrariar o sentido de voto do seu partido e o interesse imediato das populações que mais sofrem com a seca, dá que pensar”, é salientado no comunicado.

O Coordenador Autárquico do Partido CHEGA no Distrito de Beja enviou à Voz da Planície um comunicado sob o tema "Água do Pomarão" e em resposta à nota do bloco de esquerda.

No documento é feita a comparação do projeto de resolução do BE e o apresentado pelo Chega, recordando a intervenção da deputada Rita Matias, na Comissão de Ambiente e Energia. É frisado que a principal diferença é que o Chega pretende "alargar a prioridade dada ao abastecimento doméstico, a outros serviços, nomeadamente serviços públicos e de saúde, reforçando a solidariedade intergeracional e de salvaguarda da exploração eficaz dos recursos existentes na região do Algarve".