António Tomé e Teresa Mestre dedicam-se à agropecuária e à produção de cereais nas suas explorações familiares e ao falarem com a Voz da Planície não esconderam que estão “apreensivos” com o ano agrícola que “está aí”, pois junta dois fatores adversos, ou seja o aumento dos fatores de produção e a seca.
António Tomé, que tem a sua exploração familiar em São Marcos da Ataboeira, concelho de Castro Verde, explica que vive situações semelhantes à de muitos outros agricultores em que o aumento dos fatores de produção, junto com a seca que se faz sentir, está a “asfixiar as pessoas”, queixando-se do preço que estão a atingir os adubos e outros produtos que utiliza na sua exploração.
António Tomé prossegue explicando que se não fossem as ajudas agroambientais seria difícil manter a atividade. A acrescentar a isto tudo, frisa, está o facto desta ser “uma das zonas no que se refere ao clima mais castigadas”, referindo-se à escassez de chuva e às consequências que isto tem na produção agrícola e pecuária.
Teresa Mestre, também se dedica à agropecuária e produção de cereais na exploração agrícola da família, que fica entre Castro Verde e Aljustrel, há, sensivelmente, seis anos e para esta agricultora a união destes dois fatores, ou seja o aumento dos custos de produção e o ano agrícola desfavorável que se tem verificado complicam a vida de quem vive da terra.
Os combustíveis têm aumentado, e muito, mas o valor daquilo que é produzido não vai ser o dobro, argumenta Teresa Mestre. Esclarece que em solos pobres como os da terra que tem, o facto, de se ter menos ajudas na produção reduz aquilo que depois se vai obter. Isto, disse ainda, associado à pouca precipitação faz adivinhar um ano agrícola menos favorável.
Quanto aos custos de produção estes dois agricultores não preveem melhorias. No que se refere à precipitação, as previsões dizem que pode chover já no sábado, mas o Instituto do Mar e da Atmosfera avisa, também, que a chuva desaparece depois até dia 26 deste mês.
No que diz respeito ao aumento dos custos de produção, derivado do aumento dos combustíveis, recordamos que a Voz da Planície, no final do passado mês de outubro, ouviu Rui Garrido, presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) sobre esta matéria. Nessa altura referiu que o aumento dos preços dos combustíveis está a provocar ondas de choque nos preços de fatores de produção para a agricultura que podem conduzir à disrupção da sustentabilidade económica das explorações agrícolas e pecuárias em todo o país. Alertava, também, para a escassez generalizada na oferta de produtos e matérias-primas que estavam, já naquela altura, a provocar uma escalada generalizada de aumentos de preços de que não há memória recente, e sem um fim à vista. Preocupada com as consequências desta realidade tanto na produção, como pelo facto de a mesma poder acarretar consequências também para os consumidores, a FAABA apelava às estruturas governativas e políticas nacionais para que sejam tomadas medidas que mitiguem os efeitos do aumento dos custos de produção e da eventual perturbação da oferta. A FAABA pede, ainda, entre outros aspetos, o regresso da eletricidade verde para ajudar os homens da terra. As declarações são, de Rui Garrido.
A Voz da Planície contou, para construir esta notícia, com a ajuda da Associação de Agricultores do Campo Branco que prontamente disponibilizou contactos de dois agricultores, António Tomé e Teresa Mestre, no sentido de contarem, a partir das suas realidades, o que se está a passar neste território.
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