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Associação lança primeiro curso de saúde mental para surdos em Portugal

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Associação lança primeiro curso de saúde mental para surdos em Portugal

Os cidadãos surdos já têm disponível um curso gratuito com informação rigorosa sobre saúde mental, que visa ajudar esta população a identificar sinais de alerta e a encontrar soluções.

O Kit Básico de Saúde Mental, curso criado com o apoio da Direção-Geral da Saúde (DGS), foi agora adaptado para Língua Gestual Portuguesa (LGP), com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, e foi lançado pela Manifestamente, iniciativa cidadã pela saúde mental, no Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa.

O curso online vai permitir a cerca de 30 mil surdos portugueses “o acesso a informação rigorosa sobre saúde mental, através de conteúdos em formato descontraído e acessível, que pretendem ajudar esta população a proteger a sua saúde mental, a identificar sinais de alerta e a encontrar soluções”, refere a Manifestamente em comunicado.

A adaptação do curso para Língua Gestual Portuguesa foi realizada pela associação, em parceria com Mariana Couto Bártolo, a primeira médica surda do País, que se tem dedicado à sensibilização para o atendimento com qualidade das pessoas surdas em contexto de saúde.

“Existem poucos dados sobre a comunidade surda no nosso País, mas sabemos que o seu acesso aos serviços de saúde apresenta barreiras significativas, nomeadamente a nível da comunicação”, afirma Mariana Couto Bártolo, citada no comunicado.

A médica estima que, apesar da pouca evidência disponível, a comunidade surda seja afetada por mais problemas de saúde mental do que a população ouvinte, uma vez que tem de lidar com questões adicionais relacionadas com a identidade, a língua e a cultura.

“Daí a importância deste curso adaptado à LGP, que vai promover a literacia em saúde mental, numa população em que o acesso a informação fidedigna de temas de saúde é limitado”, sublinha.

Segundo a médica, este projeto permitirá também “a recolha de dados, tanto a nível demográfico como em termos da história e da experiência da comunidade surda, e da sua literacia em saúde mental, algo pioneiro em Portugal”.

A coordenadora do projeto, Maria Conde Moreno, interna de psiquiatria e membro da Manifestamente, conta que, dois anos após “o sucesso” do Kit Básico de Saúde Mental, que chegou a mais de 18.000 pessoas, a associação começou a pensar no que podia fazer para melhorar a acessibilidade do curso.

“Quando surgiu esta oportunidade de adaptarmos o curso às necessidades específicas da comunidade surda, não hesitamos”, diz Maria Conde Moreno, revelando que pretendem chegar a mais pessoas, estamos já em fase de desenvolvimento uma versão para crianças.

O presidente da Associação Portuguesa de Surdos, Pedro Mourão, saudou esta iniciativa, até porque, disse, “o número de profissionais qualificados, tanto na medicina como na psicologia, para cuidarem de utentes surdos é quase inexistente”.

“A comunidade surda não só sofre de problemas de saúde mental, como qualquer outra pessoa, como ainda acresce a discriminação e a acessibilidade precária com que se deparam no seu quotidiano”, lamenta, acrescentando que esta iniciativa, além de permitir a visualização de conteúdos através da LGP, permite "uma associação identitária, dado que o emissor é uma pessoa surda”.


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