Em 2021, o turismo contribuiu com 16,8 mil milhões de euros para o PIB nacional, de forma direta e indireta. O valor traduz 8% do total do PIB nacional, ficando ainda abaixo dos níveis de 2019, quando se situava em 11,8%
O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, diz em declarações à Voz da Planície, que o primeiro semestre de 2022 foi um dos melhores de sempre para o território.
Questionado sobre a recuperação do setor, num ano em que já não há restrições devido à pandemia covid-19, Vítor Silva realça que “a nossa recuperação já começou no ano passado”, em 2021, apesar de no resto do país esta recuperação ter sido “mínima”. “Fechámos o ano passado tendo recuperado, relativamente ao ano de 2019 [melhor ano turístico de sempre para o País], cerca de 80% das dormidas e 90% dos proveitos”.
Contudo, estes números devem-se ao turismo nacional, considerando as restrições impostas internacionalmente em 2021, ainda devido à pandemia. “Este ano o País já se abriu aos mercados internacionais e já voltamos a ter valores muito significativos de turismo internacional”, sublinha.
No primeiro semestre deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o território tinha apenas, ao nível de dormidas, uma quebra de 0,9%, comparativamente a 2019. “Estávamos praticamente com o número de dormidas igual ao que tínhamos em 2019”, indica Vítor Silva. Ao nível de proveitos, relativamente ao mesmo ano, verifica-se um acréscimo superior a 20%, “o que na prática diz que este foi o melhor semestre de sempre para o turismo no nosso território”.
Deste aumento, embora significativo, esclarece que também há uma relação com “o aumento dos custos de exploração”, tais como aumentos na energia, alimentação, entre outros.
Quanto aos mercados diz que a situação está mais equilibrada este ano quando se compara o turismo nacional e internacional. Os nacionais, residentes em Portugal, relativamente a 2019, têm um acréscimo 2,6% e os internacionais ainda têm uma quebra de 6,5%, mas “já estamos muito próximos, em termos de perfil, aos turistas que tínhamos em 2019”.
“Se não acontecer nada de anormal, podemos chegar ao final do ano também com o mercado internacional completamente recuperado”, frisa Vítor Silva.
Relativamente à oferta turística na região, mesmo com os problemas que a covid-19 trouxe para este setor, verificou-se que as intenções de investimento e os próprios investimentos não diminuíram, mas sim, mantiveram-se a um ritmo acelerado “que já vinha de trás”. Isto porque regiões como o Alentejo e Ribatejo, de baixa densidade, começam a ser mais atrativas que os grandes centros urbanos. “As pessoas procuram mais tranquilidade, mais distanciamento” e são tendências que se vão acentuar, justifica Vítor Silva.
No que diz respeito à restauração houve alguns que fecharam e não voltaram a abrir, porém é um “número residual”. Segundo o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, o tecido económico da região “aguentou bem a pandemia”, com grandes perdas evidentemente. A “recuperação” que se fala agora não recupera os prejuízos anteriores e acumulados durante esses dois anos.
“Recuperámos para os valores que tínhamos antes da pandemia, mas os prejuízos acumulados não estão a ser recuperados, isso só aconteceria se por acaso houvesse valores superiores ao que tínhamos em 2019”, explica.
Na perspetiva de Vítor Silva, “os turistas são compósitos” e procuram vários motivos de interesse numa determinada região. O património tem um papel importante na atração de visitantes e quando questionado sobre se o mesmo está devidamente valorizado, acredita que sim, no entanto, por vezes precisa de manutenção e é difícil arranjar fundos para esse tipo de intervenções.
Todavia, o território tem um panóplia de ofertas “muito para além do património”. Destaca-se a gastronomia que é considerada a “mais imaginativa” do País e muito apreciada nos mercados internacionais. Os vinhos “magníficos” e as atividades ao ar livre também são pontos fortes que trazem visitantes ao Alentejo e Ribatejo.
Vítor Silva conclui, realçando que a região é riquíssima em experiências.
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