O bloco de rega de Vidigueira irá abranger dois mil e 200 hectares e inclui os sub-blocos de Vila de Frades neste concelho, assim como os de Vila Alva e Vila Ruiva, no de Cuba. Vai beneficiar, ainda, mil e 400 prédios rústicos, em ambos os concelhos, e contribuir para “um aumento na produtividade de diversas explorações agrícolas e, consequentemente, para uma maior dinamização da economia local destes territórios”, explicaram os agricultores José Francisco Arvanas e Manuel Leal da Costa.
Os dois “homens da terra”, ouvidos no parlamento, na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, frisaram que “o perímetro de rega em causa beneficia, essencialmente, pequenas propriedades onde, atualmente, se desenvolvem apenas culturas de sequeiro”. E que “estes são dois concelhos de produção de vinha, e de vinho, onde muitos agricultores, com a promessa de ter água de Alqueva há 15 anos, fizeram investimentos avultados para o regadio que hoje estão comprometidos”.
José Francisco Arvanas é enfermeiro de profissão, mas tem uma vida inteira ligada ao campo e às terras do avô e do pai. Este agricultor apelou, no parlamento, à “conclusão do bloco de rega de Vidigueira", referindo que "a melhor forma de ajudar as famílias que dependem da produção de vinha, nestes concelhos, é finalizar, de vez, esta possibilidade”.
Foi, ainda, José Francisco Arvanas quem revelou que “nas condições atuais, os produtores conseguem tirar sete mil quilos de uva por hectare" e que "usando a rega, em alturas estratégicas e sem excessos, é possível tirar 20 mil quilos”.
Manuel Leal da Costa também agricultor, e consultor, do concelho de Vidigueira, esteve ligado ao estudo de impacto ambiental do Alqueva, assim como ao cálculo das possibilidades das bacias hidrográficas que abrange, e interveio, igualmente, nesta audiência, no parlamento.
Perante todo este conhecimento, Manuel Leal da Costa afirmou que "não há problemas na distribuição da água do Alqueva, mesmo com falta de chuva”. E foi neste contexto que, disse, “seria desejável, e benéfico para todos, que a água chegasse ao maior número de pessoas possível, beneficiando mais agricultores”.
Nesta audiência parlamentar intervieram dois deputados eleitos pelo distrito. João Dias, do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), e Pedro do Carmo, que também preside a Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar e do Grupo Parlamentar do Partido Socialista (PS).
Nas palavras de ambos ficou claro o vasto conhecimento das necessidades do território e do perímetro de rega em causa.
Acompanharam, igualmente, esta discussão, os grupos parlamentares do Partido Social Democrata (PSD) e do Chega.
Todos foram unânimes na defesa da “conclusão do bloco de rega de Vidigueira”.
A Voz da Planície contactou José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), que explicou porque se atrasou a construção do bloco de rega de Vidigueira, que estava em condições de avançar em 2021.
José Pedro Salema esclareceu que o “projeto está concluído" e que "tem a revisão obrigatória também finalizada, assim como a declaração de impacto ambiental positiva”. Acrescentou que “o concurso para escolher o empreiteiro será publicado no próximo mês de março”, que “as obras deverão avançar no verão deste ano” e que, “tendo em atenção os 18 meses necessários para a sua conclusão, deverá ficar pronto até ao final de 2024, assim como preparado para regar na campanha de 2025”.
Quanto aos atrasos, “foram os aumentos dos preços de construção, bem como os custos inerentes à revisão do projeto, que tiveram de ficar de acordo com as novas estimativas orçamentais, e o facto de ter havido necessidade de se encontrar o financiamento necessário, os responsáveis pelos atrasos verificados, que estão todos ultrapassados”, deixou claro, ainda, José Pedro Salema.
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