Miguel Madeira, vice-presidente da ACOS - Associação de Agricultores do Sul, esclarece que "esta doença é transmitida por um vírus transportado por um inseto proveniente do Norte de África". Explica, igualmente, que duas variantes desta doença "já circulavam em Portugal" e que "esta, a mais recente, é mais agressiva e aumentou, comparando com o mês de setembro de 2023, a mortalidade no gado ovino em mais 50%".
A solução, deixou claro Miguel Madeira, "é a vacinação que chega a preços incomportáveis para os agricultores". Acrescentou que "não sendo uma doença transmissível para o ser humano tem, contudo, impactos significativos nas quebras de produção, provocando avultados prejuízos a quem faz criação".
Na missiva enviada ao ministro da Agricultura, a Federação dos Agricultores do Alentejo salienta que "os prejuízos causados à produção são muito consideráveis e decorrem da significativa mortalidade de ovinos, cuja taxa aumentou mais de 50% face a período homólogo do ano passado, mas também do número elevado de animais doentes que deixam de produzir, dos abortos e dos custos elevados com os tratamentos médico-veterinários que têm que ser administrados a estes animais. Acresce a esta situação, já de si muito penalizadora, que a vacina recentemente disponibilizada é muito cara e os custos de aquisição e de aplicação estão a ser suportados integralmente pelos produtores, ao contrário do que acontece em outros países comunitários, como por exemplo em França e em Espanha, onde o Estado suporta na íntegra a aquisição da referida vacina", é alertado.
"A FAABA atesta que os primeiros focos conhecidos desta variante surgiram com grande intensidade no Alentejo Central e rapidamente se alastraram aos territórios vizinhos. Atualmente, praticamente todo o Alentejo está confrontado com este problema. É uma doença de declaração obrigatória que, quando confirmada na exploração, implica um impedimento da movimentação animal durante 60 dias, o que se revela muito penalizador do ponto de vista económico. Provavelmente por esta razão, é notória uma clara subnotificação da doença, constatando-se que o número real de rebanhos afetados está muito longe de corresponder ao número de casos comunicados aos Serviços Veterinários Oficiais. As organizações de produtores constatam que a situação é, na realidade, muito grave", é frisado.
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