“O aumento de mão-de-obra faz-se sentir sobretudo na zona regada pelo Alqueva, ou seja onde o olival intensivo se concentra e isto significa os territórios dos concelhos de Beja, Serpa e Ferreira e depois os outros onde também se encontra mais este modo de produção, nomeadamente nos de Moura, Vidigueira, Cuba, Alvito e Aljustrel”, explica Alberto Matos, da SOLIM – Solidariedade Imigrante – Associação para a Defesa dos Direitos dos Imigrantes.
“Perante esta necessidade acrescida, os proprietários não contratam mandam vir imigrantes e estão a chegar, essencialmente, de Espanha por intermediários de tráfico humano”, esclarece Alberto Matos, dizendo que são, sobretudo, “africanos que atravessaram o mediterrâneo, mas também há romenos e portugueses que são subalugados para estes trabalhos”.
“Exploração do trabalho e a questão da habitação” são os problemas de fundo que se evidenciam ainda mais com esta afluência, frisa Alberto Matos. Diz mesmo, que as “questões da habitação são um drama pois são alugadas casas, muitas vezes, sem eletricidade e água. Alberto Matos assegura estarmos perante “uma bomba relógio social instalada”.
Continua a faltar “fiscalização no trabalho e responsabilizar os proprietários por estas situações”, releva Alberto Matos. “Os proprietários têm que ser chamados à coação por tudo o que se passa de ilegal nas suas explorações”, reitera Alberto Matos.
É preciso, adverte Alberto Matos, “criar condições sociais para que estas pessoas procurem legalizar as suas situações, fixando-se nos territórios” e neste contexto afirma que, tal como se passou em Odemira, “não se pode fazer de conta que não se sabe pois está à vista de todos”.
Beja aprovou, recentemente, um Plano Municipal para a Integração de Migrantes e nos próximos dias, a Voz da Planície conta voltar a esta matéria e perceber o que está, ou pode ser feito, no âmbito desta proposta, para resolver algumas das questões aqui denunciadas.
Foto: Agrotec.
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