Esta concentração reuniu mais de uma dezena de funcionários e 12 familiares de utentes institucionalizados. A organização foi da responsabilidade do Movimento para a Salvaguarda dos Utentes, Famílias e Trabalhadores dos Lares da Cruz Vermelha em Beja, que afirma "procurar há meses respostas sem sucesso pois ninguém avança esclarecimentos", reportando-se ao diretor executivo da Delegação de Beja, Jorge Farinha, que contactado pela comunicação social encaminhou para o departamento de comunicação central as respostas aos jornalistas.
De todos os funcionários ouvimos que foram "informados do encerramento dos lares até 31 de julho" e que todos os "seus direitos iam ser assegurados", garantiram, igualmente, que consideram "difícil esta data ser cumprida pois ainda estão 35 utentes sem realojamento em respostas idênticas" e ninguém recebeu "carta de despedimento".
Assumiram perante a comunicação social, os funcionários ouvidos, que vão continuar a "trabalhar até que existam utentes" e que mesmo com "as portas fechadas" irão para "o local de trabalho até terem respostas".
Há funcionários com 35 anos de casa. É o caso de Emília Bexiga, de 61 anos de idade, que disse, triste, não ter idade para trabalhar e nem para a reforma. Queixa-se de faltarem "respostas" e de não saber o que se vai passar.
Alexandra Horta, outra funcionária com mais de 20 anos de instituição, refere que "as pessoas, os utentes, estão a ser transportadas para longe das famílias quando o lar da Rua dos Infantes tem condições para receber os que estão na Casa de Repouso Henri Dunant".
Falam de vidas dedicadas "à Cruz Vermelha e aos utentes", mas foi Fátima Costa, com 18 anos de trabalho cumpridos, que explicou que foram informados sobre "o encerramento dos lares até 31 de julho" e que serão "cumpridos todos os seus direitos".
Sobre os funcionários, o comunicado recebido, entretanto, sublinha que "tendo avaliado todas as opções, a Cruz Vermelha Portuguesa comunicou a sua impossibilidade de recolocar os funcionários afetos a estas estruturas residências para idosos (ERPIS) noutras respostas da instituição. Todavia, a Cruz Vermelha Portuguesa tem estado a efetuar contactos com grandes empregadores da região, com o intuito de encontrar soluções profissionais para o maior número de trabalhadores. A instituição garante um acompanhamento individualizado de cada trabalhador tendo em conta a sua situação socioeconómica. Sempre que tal se verifique necessário, a CVP incluirá os trabalhadores no seu sistema de apoio social."
Os familiares dos utentes, 35 dizem as funcionárias, 33 afirma a Cruz Vermelha, desejam que o lar não feche as suas portas. Conceição Carvalho tem a sua mãe, com 90 anos, institucionalizada e garante que não aceita o seu realojamento num lar de Barrancos, por ser longe da cidade onde mora e não ter "condições económicas para deslocações". "Há contrato assinado e a Cruz Vermelha tem que me dar resposta e em Beja não há vagas".
Sobre as respostas às famílias dos utentes institucionalizados, a Cruz Vermelha Portuguesa afirma estar "ativamente na procura de uma solução para recolocação de todos os utentes da Casa de Repouso Henry Dunant e da Casa de Repouso José António Marques. Esse foi o compromisso assumido aquando do anúncio de encerramento destas estruturas, a partir de 31 de julho, devido às precárias condições físicas dos edifícios que não garantem a qualidade e serviço digno que a Cruz Vermelha Portuguesa presta.
Com o objetivo de encontrar uma solução para os seus utentes, a Cruz Vermelha Portuguesa tem realizado semanalmente reuniões com as entidades competentes, com vista a encontrar a melhor solução para as 33 pessoas que ainda se mantêm nestas ERPIS. Adicionalmente às vagas já encontradas, foram identificadas 11 novas vagas e brevemente serão comunicadas mais seis às famílias. Num total de 17.
A Cruz Vermelha tem realizado todos os esforços na tentativa da melhor solução, tendo inclusivamente disponibilizado meio de transporte para as famílias que queiram conhecer as respostas sociais."
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