Com esta operação, anual, a GNR cria maior confiança e empatia entre os idosos e os militares e, por outro, contribui para o aumento do sentimento de segurança nos mais velhos, nomeadamente em situações de violência, de burla e furto, bem como para a adoção de medidas preventivas de propagação da covid-19. A GNR sinalizou nesta operação 44.484 idosos que vivem sozinhos e/ou isolados, ou em situação de vulnerabilidade, em razão da sua condição física, psicológica, ou outra que possa colocar em causa a sua segurança. No distrito de Beja foram sinalizados 3 411 idosos nestas circunstâncias. A nível nacional, Beja está na sexta posição. Nos dados divulgados percebe-se que o número de pessoas idosas e em condições de vulnerabilidade é acentuado, especialmente, em concelhos do Interior.
E se a grande maioria destes casos é identificada em espaço rural, nas cidades também há pessoas a viverem sozinhas e que passam os seus dias entre vizinhos, visitas de familiares e ajudas de entidades que os auxiliam na realização de tarefas outrora triviais. Luciana Palma é um destes casos, tem 86 anos de idade e a bengala é companheira de saídas. Natural de Mértola, está em Beja há mais de 40 anos. Esta foi a cidade onde trabalhou até à reforma e onde criou os filhos. Viúva há 42 anos contou à Voz da Planície como passa os seus dias.
Apesar das muitas queixas, próprias da idade, Luciana Palma confidenciou que decidiu comprar um rádio e que ele é a sua companhia até conseguir sair de casa para as suas “voltinhas”.
Não muito longe do local onde mora Luciana Palma está a Santa Casa da Misericórdia de Beja, local onde encontrámos Ana Rita Guerreiro, do projeto desta instituição “Ao encontro de um amigo”. Este serviço é, tal como o nome indica, aquele amigo que as pessoas precisam e que hoje, vivendo em prédios, já se não tem, explica Ana Rita Guerreiro, esclarecendo o apoio prestado.
Ajuda na orientação das tomas da medicação, idas a consultas e outros aspetos são alguns dos outros serviços prestados, também, pela Santa Casa, esclarece, ainda, Ana Rita Guerreiro, durante a preparação de cabazes alimentares para ajudar famílias, entre elas alguns dos seniores que se estão a acompanhar, revelando que estão a ajudar 14 idosos dentro da cidade de Beja.
O projeto Humanamente Ativos da Cáritas Diocesana de Beja surgiu em plena pandemia, para durar seis meses e com financiamento da Gulbenkian. Destina-se a idosos isolados e a ideia é estimular as suas capacidades motoras e cognitivas através do uso de novas tecnologias. Inicialmente chegou a 25 idosos, espalhados pela cidade e também por Nossa Senhora das Neves, Boavista e Cabeça Gorda. Hoje está a trabalhar com 19, porque houve mortes, entretanto e pessoas que entraram em lares.
O projeto funciona porque envolve um conjunto de profissionais, pessoas da Associação Além Memória, do Centro Social do Lidador, uma Terapeuta Ocupacional, uma pessoa que trabalha a área do cante, contadores de histórias, entre eles, Jorge Serafim e Cristina Taquelim, como voluntários. E se a ideia inicial era que o projeto demorasse 6 meses, a Gulbenkian devido aos resultados financiou mais 6 este ano e a Cáritas quer que o mesmo continue em 2022 e 2023 e que seja alargado, esclareceu Isaurindo Oliveira, presidente da Direção da Cáritas de Beja.
São 12 a 13 os idosos que estão neste projeto de forma autónoma e autossuficiente, utilizando o tablet, em casa, que lhes dá a possibilidade de fazerem os exercícios que estimulam as suas capacidades cognitivas e motoras. Os outros 6 necessitam de orientação e acompanhamento da Terapeuta Ocupacional.
Amanhã a Voz da Planície volta a este tema para lhe revelar pormenores sobre a situação dos idosos sinalizados nesta operação no que se refere ao distrito e ao concelho de Beja. Estes dados serão da responsabilidade da GNR de Beja.
Foto: Humanamente Ativos é da Ecclésia.
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