A evocação ao primeiro grande encontro em Portugal do que viria a ser o Movimento das Forças Armadas (MFA) é organizada pela comissão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril e acontece no local onde decorreu, em 9 de setembro de 1973, a reunião clandestina.
As celebrações dos 50 anos do nascimento do Movimento dos Capitães vão contar com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e contemplam o lançamento de paraquedistas, o descerramento de um painel de azulejos evocativo, atuações do grupo coral dos trabalhadores de Alcáçovas e da Jovem Orquestra Portuguesa e a inauguração do Parque Infantil “Liberdade”.
Segundo a comissária executiva da organização, Maria Inácia Rezola, foi agora iniciada uma nova fase nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril.
“A partir de 09 de setembro – o dia em que, há 50 anos, 136 jovens militares se reuniram clandestinamente e fundaram o Movimento dos Capitães – vamos destacar, em vários momentos, o papel central que os capitães de Abril desempenharam no caminho que levou ao derrube da ditadura. Esta é uma etapa fundamental na passagem de testemunho sobre a luta contra a ditadura e a construção da democracia que pretendemos levar a cabo sobretudo junto das novas gerações”, refere Maria Inácia Rezola.
A reunião realizada a 9 de setembro de 1973 no Monte do Sobral, em Alcáçovas, assinala simbolicamente o início da conspiração e o nascimento do Movimento dos Capitães. Há 50 anos, para evitar suspeitas, o evento foi minuciosamente preparado sob a capa de uma confraternização pelos jovens capitães Diniz de Almeida, Vasco Lourenço, Rosário Simões, Carlos Camilo e Bicho Beatriz.
O objetivo prioritário do então designado Encontro de Évora era preparar um ato de repúdio que obrigasse o governo a rever dois diplomas promulgados nesse verão na tentativa de minimizar o problema da falta de oficiais nas frentes de combate em África.
No Monte do Sobral decorreu um acalorado debate. Discutiram-se os problemas da classe e as consequências da aplicação da nova legislação. Os jovens militares decidiram enviar ao Presidente do Conselho, Marcello Caetano, um abaixo-assinado para pedir a revogação dos polémicos decretos-lei, além de destacarem a questão do prestígio das Forças Armadas.
O documento integrou as assinaturas dos 136 oficiais presentes, juntando-se 51 que prestavam serviço na Guiné-Bissau. Quando foi posto a circular, o documento recolheu ainda o apoio de cerca de três centenas de oficiais em serviço em Lisboa, 97 a prestar serviço em Angola e 105 em Moçambique.
Em paralelo, os organizadores do encontro ficam responsáveis por constituir a primeira comissão do Movimento que depois de oito meses de intensa atividade conspirativa, a 25 de Abril de 1974, colocaria fim a 48 anos de ditadura.
Este movimento de descontentamento pela situação de uma classe militar transformou-se numa força revolucionária que havia de mudar Portugal.
A evocação será realizada em parceria com a Associação 25 de Abril, Câmara Municipal de Viana do Alentejo e Junta de Freguesia de Alcáçovas.
As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026, focando-se em cada ano num tema prioritário.
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