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Festivais de Verão

O regresso do Sudoeste e da sua "Tribo"

O regresso do Sudoeste e da sua "Tribo"

Festivais de Verão

O Festival Sudoeste regressa amanhã ao mesmo sítio de sempre, a Herdade da Casa Branca, bem perto da Zambujeira do Mar, no concelho de Odemira, mas com novidades. Depois de adiado por dois anos, devido à pandemia, nesta 24ª edição a organização decidiu apostar em mais dias e este ano o festival acontece de sábado a sábado, entre 30 de julho e 6 de agosto.

Já foi o festival mais emblemático do Litoral Alentejano, passando entretanto o testemunho ao Festival Músicas do Mundo, acima de tudo pelo ecletismo e pelo público de todas as idades que enche as ruas de Porto Covo e Sines. Entretanto, o Sudoeste recebeu também, tal como muitos outros festivais de verão e a maioria das grandes salas de espectáculos de Portugal, a marca do patrocinador que exige que o seu nome surja antes do que escreveu toda a história. Tudo se resume a grandes estruturas que geram muito dinheiro e que, tal como tudo o resto, acabam por ser "engolidas" pelos grandes grupos económicos.

Publicidade à parte, vamos ao que interessa sobre o festival, e aí está o regresso do Sudoeste que "arranca já este sábado, dia 30 de julho, com a abertura do campismo a todos os que querem aproveitar ao máximo a melhor semana de férias de sempre", mensagem da promotora do evento. Fazendo as contas, são oito dias de festa, 9 dias de campismo grátis, vários palcos, muitos artistas nacionais e internacionais, muitas atividades paralelas, muita animação e tudo feito à medida da "Tribo", título atribuído ao jovem público que enche de alegria o recinto do festival.

E agora, vamos aos nomes do programa, também sem publicidade, mas com as palavras da organização. "De 30 de julho a 2 de agosto, a festa faz-se desde logo no palco instalado no campismo, a preparar os ânimos para receber artistas como Pedro Sampaio, Major Lazer, Lewis Capaldi, Steve Aoki, Ckay, Morad, Masego, Rex Orange County, Timmy Trumpet ou Morat, e um cartaz nacional recheado de nomes como ProfJam, Bispo, Chico da Tina, Ivandro, Kappa Jotta, Domingues ou Estraca, e ainda da diáspora portuguesa, nomes como Jovem Dionísio, Melim, Jão, Deejay Telio ou Soraia Ramos, entre tantos outros que vão atuar nos 5 palcos do Sudoeste."

Sim, leu bem. Por entre os artistas, que são algumas das grandes referências da nova geração do som nacional e internacional, há o Morad, rapper catalão de ascendência marroquina, e há os Morat, um quarteto de folk-pop da Colombia. Dois nomes em ascensão e que têm enchido as salas de espectáculos por todos os locais onde passam. Mas, o que também sobressai neste comunicado enviado pela organização do evento, é o exato oposto do FMM Sines, que este ano apostou num programa dedicado às artistas. Tirando a cabo-verdiana Soraia Ramos e Gabi Melim, a irmã do trio Melim do Brasil, os nomes que nele constam são maioritariamente masculinos. A explicação pode prender-se com as escolhas que são feitas tendo em conta as tendências das plataformas digitais, algo que nunca faz justiça às muitas artistas nacionais e internacionais que estão fora desses "valores de mercado", mas que têm também muitos e bons argumentos para subir aos grandes palcos dos festivais. No entanto, e apesar de não terem o nome no comunicado, também vão passar pelo Sudoeste as cantoras portuguesas Beatriz Rosário e Ana Lua Caiano, e no grupo de dj's convidados, está o trio feminino português M3dusa, a madeirense Laura e a ucraniana Anastasiya Ty. Há também, é claro, muita estratégia comercial neste cartaz e não é à toa que a organização tenha apostado este ano num tiktok show para animar o festival, composto por quatro jovens portugueses, que vão dançar e recriar os vídeos partilhados na aplicação e através dos quais ficaram conhecidos.

Muitos dirão "já não é o que era" e muitos outros "agora é que é", mas também importa dizer que estes eventos abrem espaço para novos públicos, novos artistas e, mesmo com os habituais excessos pelo meio que desde sempre existiram, há mais segurança, mais assistência médica e há agora uma nova "Tribo" que, tal como os "festivaleiros" das primeiras edições, só quer divertir-se e, depois destes tempos de confinamento, bem precisam e merecem. Para equilibrar as opiniões e discussões, Portugal tem uma oferta de festivais excelentes para todos os públicos e todos os gostos, e muitos deles já fazem parte dos roteiros turísticos internacionais há algum tempo. O Sudoeste é um deles.

E para concluir, como curiosidade, fica a pergunta. Será que ainda se vai ouvir o icónico grito "ó Elsa!", que se tornou uma espécie de hino do festival, ou será que este ano vai mudar para "acorda, Pedrinho!"? No fim saberemos. Bom festival e, se for o caso, boas férias!

Foto: Agência Lusa

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