Na escolha do voto vão pesar tanto a qualidade dos candidatos e o conteúdo dos programas como os resultados de anos de péssima governação do País - o desemprego, o corte nos salários e nas pensões, o peso brutal dos impostos, a liquidação de direitos laborais e sociais, a destruição da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde, da Escola pública e de outros serviços públicos, a limitação da independência.
É natural que a 29 de Setembro os eleitores peçam contas aos partidos responsáveis pela gravíssima crise política, económica e social que atinge os trabalhadores e o povo e que nos últimos dois anos tem empobrecido a maioria dos portugueses e o País. Esses partidos têm nome: PSD e CDS-PP. Os responsáveis pelo afundamento de Portugal - e pelas "palhaçadas" destes últimos dias - têm nome: Passos, Portas, Cavaco.
No distrito de Beja, onde a disputa eleitoral se trava sobretudo entre a CDU e o PS, os comunistas e aliados não deixarão de lembrar aos eleitores as responsabilidades também do PS e de Sócrates, que chamaram a troika estrangeira. E de denunciar as hesitações de Seguro em demarcar-se claramente das políticas de direita.
Note-se que, em relação às eleições autárquicas de 2009, as de Setembro próximo apresentam três diferenças significativas:
- A 1.ª: o PS já não está em S. Bento e os seus candidatos, apostando na falta de memória dos eleitores, vão adoptar um discurso demagógico de "oposição" à governação PSD/PP, como se o partido da rosa nada tivesse a ver com a crise.
- A 2.ª: o mapa das freguesias é outro, graças à extinção de autarquias imposta pela famigerada "reforma" de Relvas.
- A 3.ª diferença: no próximo mandato, o Poder Local terá menos meios, menos autonomia e menos democraticidade, também devido às "reformas" de Passos e Portas, caucionadas por Cavaco.
Três mudanças de "cor"
Quanto a resultados, no distrito e Beja, não é arriscado prever - a 12 semanas de distância - que, se não acontecer entretanto nenhuma hecatombe, haverá dois ou três municípios a "mudar de mãos".
Assim:
- O PS manterá provavelmente a maioria nas câmaras de Odemira, Ferreira do Alentejo e Ourique, onde apresenta como cabeças de lista os actuais presidentes.
- A incerteza será maior em Aljustrel e Mértola, hoje de maioria PS mas aonde a CDU tem forte implantação e apresenta bons candidatos, encabeçados por Manuel Camacho e Miguel Bento;
- a CDU deve continuar em maioria em Serpa, Moura e Barrancos, na Margem Esquerda, em Castro Verde, em Vidigueira e em Alvito, já que além de apoio popular tem bons candidatos.
- Cuba é um dos concelhos que, provavelmente, mudará de liderança: Francisco Orelha não vai a votos, o PS apresenta nomes pouco conhecidos e a CDU aposta uma vez mais no prestígio de João Português.
- O caso de Almodôvar é singular: o PSD dividiu-se e o actual presidente, António Sebastião, agora em segundo lugar numa lista de "independentes", pretende "sair pela porta e entrar pela janela"... O PS pode reconquistar a maioria no município onde outrora "reinou" António Saleiro e o PSD ficar sem qualquer presidência de câmara no distrito.
- Finalmente, Beja. Este mandato do PS é, reconhecidamente, um fracasso: brigas pouco polidas com a oposição na câmara e na assembleia municipal, com as juntas de freguesia, com as colectividades, com a Ovibeja, com empresários e até com apoiantes e correligionários. Quanto a investimentos, nem "Vivaci" nem nada. Beja, a capital, ficou sem comboio para Lisboa, sem IP8, sem aviões... A única boa notícia é que a torre do Castelo não caiu.
Prevê-se, pois, que a CDU reconquiste a câmara de Beja. Por demérito da actual gestão PS e, sobretudo, por mérito da CDU - pelo trabalho de oposição persistente; pela aposta no saber e na experiência de João Rocha; pela escolha de uma equipa jovem e competente; pelo amplo leque de apoiantes conseguido; e, é claro, pelo seu projecto autárquico, com amplas provas dadas.
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